Fantasmas

(Ediovaldo Magalhães)

 I

"Fantasmas do meu presente
Afastem-se!

Vocês me representam 
tanta coisa ruim....

A inflação,a fome,
o desemprego, a guerra, 
a traição, a prostituição,
a divida externa do meu país!

- e a minha também...-
A seca, a inundação, 
Vocês estão na Cidade Grande

matando inocentes, 
Saltam de computadores, 
produzidos por homens

megalômanos, 
usurários, egoístas, 
usurpadores, anti-cristos...

Saiam, fantasmas de perto de mim!

 II

Fantasmas do meu passado...

Eu os quero ver 
e com vocês conversar...
Vocês são a minha infância 
representam os belos tempos,

de  meus primeiros amores...

Vocês são a inocência
a simplicidade, o sorriso,
o doar espontâneo...
Vocês, fantasmas do meu passado,
são o consolo constante,
a alegria revivida
nos momentos atormentados
neste mundo de incertezas
sem saber aonde me levam
boiando ao léu - mas lutando,
prá garantir - e como! - esta vida
que é de expiações e provas
curtindo as dores carnais...
Fantasmas do meu passado,
povoem minhas noites insones.

 III

Oh, fantasmas do meu futuro:

Apareçam e me digam:

O que será do nosso mundo?
Apenas um monte de cinzas?

Ou um mar salgado, profundo? 
Um jardim cheiroso, belo
paraíso dos mortais?

Me digam fantasmas:

Logo vem a guerra, nuclear? Total?

Ou os maus serão banidos 
e todos nós passaremos 
a seres iluminados?
A natureza, tão bela,
deixará de sê-lo um dia,
com tanta poluição?
A morte-matada, até quando
vitimará meus irmãos?
Fantasmas, não me respondem?
Mas, eles me respondem apenas:

"-Só Deus sabe!"